Providenciando o visto para o Samuel
No mês de maio tive a confirmação de que iria aos Estados Unidos da America para participar das reuniões da 59a.Conferencia Geral da Igreja Adventista em Atlanta, nos Estados Unidos. Já havia participado em outras ocasiões, mas essa teria um novo sabor, pois queria ir com a minha esposa e meu filho.
Pesquisei os preços de passagens aéreas para lá e percebi que tinha o dinheiro necessário para a passagem. Eu e minha esposa também tínhamos o visto necessário para entrar no país, mas e o Samuel? O meu filho? Será que conseguiríamos o visto para ele aqui na Ucrânia.
Fizemos o procedimento necessário para a entrevista no consulado americano em Kiev e finalmente chegou o dia da entrevista. Pouco antes do horário agendado, lá estávamos no consulado. Como acontece no Brasil, havia filas e mais filas de pessoas aguardando a sua vez para serem atendidas.
Quando chegou a nossa vez e fomos entrar o guarda disse:
“Apenas ele vai entrar, o senhor terá que aguardar aqui.”
Embora ele tivesse falado em Ucraniano, pude entender muito bem e isso me deixou preocupado. Eu tentei argumentar com ele em inglês dizendo que meu filho não falava ucraniano, russo ou inglês e não haveria maneira de ele ser entrevistado, pois ele falava português.
Ele chamou outra pessoa que falava inglês, e ele me deu a mesma resposta:
“Só pode entrar a pessoa que está requerendo o visto.”
Com ele eu podia falar em inglês e portanto expliquei novamente que tinha que entrar para ser o intérprete do meu filho. Ele disse que não podia fazer nada.
Confesso que fiquei muito preocupado e embora já houvesse orando antes, agora orava em minha mente mais constantemente:
“Ó meu Pai, me ajude a resolver esse problema. Continua conosco e nos ajude mais uma vez.”
Ele pediu que eu saísse da sala e me conduziu a um telefone que estava do lado de fora. E disse que eu tomasse o telefone e falasse com o responsável dentro do consulado.
Orei mais uma vez e tomei o telefone.
Alguém atendeu e eu comecei a explicar a minha situação. A primeira frase daquele homem me deixou de novo gelado:
“Só quem está requerendo o visto pode entrar.”
Eu disse que ele poderia entrar, mas que não adiantaria, pois não teria alguém que falasse português ou espanhol lá dentro.
Ele pediu que eu aguardasse. E depois de uns 5 minutos que pareceram ½ hora de silêncio ele me disse:
“Ok, o senhor pode entrar com ele.”
Eu orei em silêncio:
“Obrigado, Senhor, mais uma vez.”
Entrar, não significava ter o visto. Eu tinha experiência nisso, pois tive o meu visto negado para os Estados Unidos 6 vezes. E ainda tenho meu velho passaporte com os 6 carimbos atestando esse recorde.
Dentro havia outra fila para o uma primeira entrevista. Essa foi rápida e no final a pessoa me disse:
“Good luck.” Boa sorte em inglês.
Fiquei preocupado se isso seria uma espécie de loteria, onde se tem que contar com a sorte para alcançar o prêmio que você almeja.
Aguardamos em outra fila para o pagamento de uma taxa e finalmente na última fila onde seríamos entrevistados.
Como de outras vezes que estive no consulado americano no Brasil, a gente fica olhando as pessoas. Algumas saem alegres pois receberam o visto e outros saem muito tristes porque receberam um não.
Chegou a nossa vez. Eu havia trazido todos os documentos necessários e ainda uma carta da União Ucraniana atestando que eu era e o que fazia. Também uma carta apresentando o Samuel como meu filho e o que ele fazia como voluntário no estúdio do Hope Channel na Ucrânia. Também havia trazido os certificados escolares do Samuel, meus comprovantes de pagamento, outros documentos, porque sei que muitas vezes eles pedem coisas e mais coisas. Lembre-se de que eu sou campeão em visto negados (rsrs).
A entrevista foi muito curta.
Eu disse quem eu era e o que fazia e o propósito da viagem aos Estados Unidos.
O cônsul tomou as cartas e achou interessante o nome Hope Channel, mas nem olhou o que eu havia trazido. Nem mesmo o meu passaporte onde estava o meu visto para os Estados Unidos. Pegou os documentos do Samuel e despediu-se dizendo no final:
“Good luck.” Boa sorte em inglês.
Agora eu fiquei preocupado, pois eu esperava que ele me dissesse: “Ok, o visto foi concedido.”
Passamos mais 4 dias aguardando. Finalmente chegou a correspondência com o passaporte. Teria o passaporte o visto ou um carimbo negando o visto?
Era uma situação difícil, pois a Priscila não queria ir e deixar o Samuel sozinho aqui na Ucrânia. E eu não queria ir sozinho e deixar os dois aqui na Ucrânia. E quando eu digo sozinhos é porque não temos nenhum conhecido brasileiro aqui em Kiev. Somos só nós 3. Nos sentimos totalmente isolados aqui.
Abri o passaporte e qual não foi a minha surpresa, pois lá estava o visto para 10 anos. Esse meu Deus é impressionante.
Ele me trouxe para cá e tem agido de forma impressionante. Eu fico pensando até onde Ele irá me levar? O que virá depois? Ele é maravilhoso.
Uma economida de quase U$ 1000 dólares.
Havíamos feito a cotação para a compra dos bilhetes e eles nos custariam cerca de U$ 1,300 dólares cada um. Já tínhamos reservado o dinheiro e o pessoal da divisão queria emitir os bilhetes para manter esse preço que eles consideravam muito bom. Afinal, quanto mais perto do mês de julho estivéssemos, mais caro seria o bilhete, por causa da alta temporada. Mas emitir o bilhete e depois ter um visto negado, seria perder todo esse dinheiro.
Agora com o visto na mão fizemos uma nova cotação.
Mais uma vez pude ver a mão de Deus atuando. O bilhete agora, em plena alta temporada, foi comprado por U$1000 dólares. Tivemos uma economia de cerca de U$ 300 dólares cada um. Esse meu Deus não é maravilhoso?
Jonatan e Priscila no aeroporto de Paris
Foi uma longa viagem. Fomos de Kiev a Paris, depois de Paris a Atlanta e finalmente de Atlanta para Dallas.
Fomos para Dallas porque alí moram minhas cunhadas.
Reencontro com as irmãs que não via há 10 anos. Vasti, Priscila, Débora e Ester.
Chegamos perto da ½ noite em Dallas e lá estavam as irmãs que a Priscila não via a 10 anos. Vocês podem imaginar o reencontro. Muitos abraços, muitos sorrisos, muitas lágrimas de alegria... Lá estavam a Débora, a Ester e a Vastí. Passamos o final de semana lá. Ali também ficou meu filho Samuel com os primos. Mas eu e a Priscila fomos para Atlanta.
Ester, Vasti, Débora, Priscila e David. Reencontro na casa do irmão.
Samuel e sobrinhos em Keene no Texas.
Não sabia como seria a recepção em Atlanta, mas logo na chegada encontrei os meus amigos da Divisão Sul Americana que estavam esperando os delegados da América do Sul.
O que você acha que eles pensaram?
“Oi, como vai?” Vamos ver aqui em nossa lista em que hotel você está?”
Exatamente. Pensaram que eu ainda estava trabalhando na Divisão Sul Americana.
Expliquei que agora não estava mais na DSA. Mas confesso, que o coração ficou apertado, pois ainda sinto que aí no Brasil é o meu lugar.
Fomos para a estação do metrô e quando estava comprando nosso bilhete para o metro encontrei o meu amigo russo, Tixon. Ele havia acabado de chegar também. E assim fomos no mesmo metro. Ele disse: “Esse mundo é mesmo pequeno.”
Ele tinha razão, pois foi uma boa coincidência encontrá-lo na chegada.
No outro dia fomos para o local onde diversas divisões e instituições montariam seus stands para mostrar um pouco do que têm feito.
Palco do Stand do Hope Channel
O stand do Hope Channel era enorme. Havia um palco onde eram transmitidos ao vivo programas World of Hope. E em torno desse palco e auditório estavam os stands dos demais Hope Channel: o Esperanza TV, o Hope Channel da China, o Arabic Hope Channel, o Hope Channel Alemão, o Esperanta TV da Romênia, a TV Novo Tempo do Brasil, a TV Nuevo Tiempo da America do Sul, a TV Hope Channel África e é claro o Hope Channel Europe, do qual fazemos parte.
Priscila em nosso stand
Praticamente todos os dias estávamos ali divulgando o nosso trabalho e compartilhando os nossos sonhos.
Havia uma TV onde passávamos alguns de nossos programas. Coloquei abaixo o vídeo com os nossos programas para que você tenha uma idéia do que apresentávamos ali.
Aliás, por falar em tela, atrás do palco do Hope Channel havia diversas TVs e em cada uma delas um vídeo era apresentado com os programas que cada canal apresentava.
Painel onde eram apresentados vídeos com as programações do Hope Channel em torno do mundo.
Tive que preparar um vídeo para ser apresentado aqui e milhares de pessoas podiam ter uma idéia da dimensão que o Hope Channel tomou nos dias de hoje. Milhares de pessoas podem ter contato com essa esperança através da televisão ao redor do mundo.
Tivemos o privilégio de participarmos de um dos programas World of Hope. Eu e a minha esposa Priscila fomos entrevistados no programa. Nós com a nossa roupa ucraniana fizemos sucesso por onde passamos, e claro que na entrevista estivemos vestidos a caráter.
Entrevistados no Hope Channel.
Com a nossa roupa típica, sentados entre os missionários.
Um dos momentos de muita emoção em minha vida foi na sexta-feira, 25 de junho. Todos os missionários que estavam na Conferencia Geral foram convidados a participar da apresentação do relatório do Pr. Mathew Bediaco, secretário da Associação Geral. Quando ele convidou a todos nós para ficarmos de pé, e milhares de pessoas começaram a aplaudir os missionários e dezenas de fotógrafos começaram a nos fotografar, confesso que nunca imaginei que um dia eu pudesse fazer parte de um grupo de missionários como esse e estar em um lugar assim. Os nomes de todos os missionários passaram pelos diversos telões do Ginásio e ali estavam o meu nome e o nome da Priscila. Foi muita emoção. Tenho que confessar que tive que segurar as lágrimas, porque elas vieram.
Nossos nomes nos telões do Ginásio.
Pessoas fotografando os missionários.
Nosso pin que indicava nossa posição de missionários.
Outro dia de muita emoção foi o domingo, dia 27 de junho. Nesse dia a nossa divisão apresentou o nosso relatório. E lá estávamos nós, com as roupas típicas da Ucrânia, no palco.
De novo sentimos a emoção de sermos aplaudidos por milhares de pessoas no auditório. Depois de sairmos do palco foi apresentado o vídeo relatório que mostrava um pouco do trabalho da igreja na Rússia. Coloquei aqui o vídeo que apresentamos na Conferencia Geral para que você conheça um pouco do trabalho que tem sido realizado aqui nesta parte do mundo.
Pr. Arthur Stelle e o grupo de obreiros representando a Divisão Euro-Asiática
Priscila e Jonatan no palco da Conferência Geral, entre os obreiros da Divisão Euro-Asiática.
De novo sentimos a emoção de sermos aplaudidos por milhares de pessoas no auditório. Depois de sairmos do palco foi apresentado o vídeo relatório que mostrava um pouco do trabalho da igreja na Rússia. Coloquei aqui o vídeo que apresentamos na Conferencia Geral para que você conheça um pouco do trabalho que tem sido realizado aqui nesta parte do mundo.
Durante toda aquela semana milhares de pessoas passaram pelo stand do Hope Channel Europe e sempre levavam um pequeno brinde para poderem se lembrar de nós.
Priscila e Jonatan no stand do Hope Channel Europe
Jonatan, Priscila e visitantes ucranianos
Jonatan no Stand do Hope Channel Europe
Muitos foram os brasileiros que passaram por lá e relembraram os bons momentos da TV Novo Tempo e nossa participação no programa Lições da Bíblia.
Pude sentir o carinho que os nossos irmãos têm por mim e fico muito agradecido a eles pelo carinho, mas especialmente a Deus por ter me proporcionado esse privilégio.
Fiquei muito feliz em encontrar meus amigos pastores que paravam e vinham me abraçar. Encontros com amigos bastante chegados.
Priscila e Pr. Stina no Stand de nossa Divisão.
Alguns tomavam um susto quando nos viam com as roupas típicas, porque não nos reconheciam de imediato.
Também encontramos outras pessoas importantes e de expressão dentro de nossa igreja e foi bom podermos encontrá-los.
Depois de encerrada as reuniões da Conferencia Geral voltamos para Dallas, Texas, onde temos nossos parentes. Tivemos uma semana de férias que foi ótimo.
Como pastor nunca para, preguei na quarta-feira na igreja de Dallas e no Sábado para me lembrar do programa Lições da Biblia, recaptulei a lição com os jovens. De novo pude sentir o carinho dos irmãos que eram telespectadores do programa Lições da Bíblia.
O Sábado foi especial. Estavam iniciando a Semana de Oração na igreja de Dallas e imaginem quem era o orador?
O Pr. Rodrigo Silva, meu companheiro do programa Evidências. Que feliz reencontro foi aquele.
No horário do culto ele me fez uma pergunta de público:
“Jonatan, por que você foi para a Rússia?”
Eu disse a ele que há alguns anos eu havia lido um livro que contava da conversão de um ex-bruxo. Nesse livro ele contava de como pedia ao espírito mal que o usasse como uma luva. E ele contava que muitas vezes ele ficava possesso e não se lembrava do que fazia porque o inimigo o usava para realizar o seu trabalho.
Depois disso fiquei pensando se eu não deveria orar pedindo ao Espírito Santo que me usasse como uma luva também. E foi o que eu passei a fazer:
“Querido Pai, muito obrigado por ter enviado o Seu filho Jesus para morrer por mim aqui nessa terra. Querido Jesus, eu quero dizer mais uma vez que aceito o seu sacrifício na cruz do Calvário e peço perdão pelos meus pecados.
Te agradeço meu Pai, porque o Senhor enviou o Divino Espírito Santo para estar conosco aqui. E agora eu quero dizer ao Espírito Santo que me use como uma luva. Estou disponível. Usa Senhor. Em nome de Jesus, amem.”
Essa era a oração que eu fazia.
Em Março de 2008 eu estava nos Estados Unidos e estava esperando um outro avião no aeroporto e para passar o tempo comecei a ler um livrinho que havia comprado alguns dias antes, “A Oração de Jabes.” O livro era tão pequeno que li todo o livro rapidamente.
Comecei a orar a oração de Jabes:
“Ó Senhor, sê comigo a tua mão e me abençoes. Senhor alargue as minhas fronteiras. Senhor, me livre de dores e aflições. Assim como o Senhor abençoou a Jabes, abençoe a mim também. Em nome de Jesus, amem.”
Naquele ano mesmo, no mês de junho veio o convite para trabalhar na Rússia. Aquilo foi um susto para mim. E embora eu estivesse disponível pára ser usado como uma luva, e tivesse pedido para que o Senhor alargasse minhas fronteiras, eu fiquei com medo. Parei de orar a oração de Jabes.
O chamado não se confirmou, e em setembro veio a resposta de que realmente não havia se confirmado o chamado. Mas fui convidado para trabalhar por um mês em Angola, na África. De novo pude ver que Deus ampliava minhas fronteiras e fiquei muito feliz. Voltei a orar a oração de Jabes.
Na semana seguinte apos ter voltado da África, fui apresentado ao Pr. Daniel Reband, diretor do Hope Channel em língua russa que estava no Brasil. E depois de conversarmos ele me perguntou:
“Você aceitaria um chamado para trabalhar na Rússia?”
Perguntei ao pastor Rodrigo no púlpito de Dallas:
“Eu já tinha dado a resposta à Deus, não tinha outra resposta. Não havia como negar que esse chamado vinha dele. Não existe fronteira maior do que a Rússia, o maior pais do mundo e a maior Divisão em extensão territorial em nossa igreja. A resposta só podia ser, sim."
No domingo, 11 de julho voltamos para a nossa casa ucraniana em Kiev. Que bom que Deus esteve conosco todo esse tempo. “Ele é bom e Sua misericórdia dura para sempre.”