terça-feira, 27 de abril de 2010

Primeiros Sermões em Inglês




Algum tempo depois de chegarmos em Kiev conheci um dos pastores daqui. Ele pastoreava a igreja 20. Eles numeram as igrejas aqui.
Essa igreja é um pouco diferente. Ele é chamada de Igreja Internacional. O motivo é que seus membros são de diferentes países e os cultos são em inglês com tradução para o russo ou vice-versa. Ele me convidou para irmos até a sua igreja e com isso passamos a ir com certa regularidade na igreja Internacional.
No mês de Janeiro ele me convidou para pregar em sua igreja. Eu tenho pregado muitas vezes, nas mais diferentes igrejas. Grandes, pequenas, ricas, pobres, simples, sofisticada, com pouca gente, lotada... Enfim isso não seria problema, a não ser um detalhe: a língua.
Eu falo inglês, mas o meu inglês não é o inglês de alguém que morou na America, ou em algum outro pais de fala inglesa. Na verdade, essa é minha primeira experiência em um pais onde fico mais de um mês falando inglês (agora já 6 meses). Conversar com uma pessoa é uma coisa, mas pregar...
Eu disse a ele que nunca tinha pregado em inglês. Ele disse para mim escrever e se necessário ler. Falei que iria me preparar.
O tempo passou e comecei a preparar um sermão. Peguei um sermão que já tinha pregado algumas vezes e comecei a traduzi-lo. Para facilitar o meu trabalho, decidi utilizar ilustrações no computador em Power point, pois ficaria muito mais fácil para mim.
Finalmente a data foi marcada: dia 27 de Março de 2010. Na semana que antecedeu aquele Sábado eu procurei me preparar. Li algumas vezes o que escrevi. E no Sábado levantei as 5 da manhã para repassar tudo o que havia escrito.
Saí de casa às 8:30, pois o culto começaria às 10:15 e eu queria chegar cedo para preparar tudo.
Caminhei rápido para o metrô e lá fui eu para a igreja. Dentro de minha pasta, tudo estava preparado: lap top, controle remoto para mudar as telas, bateria extra para o caso de uma possível falha...
Quando cheguei na igreja, alguns irmãos já estavam presentes e o pastor da igreja também estava ali. Estavam montando o som e arrumando algumas coisas, pois teríamos Santa Ceia. Achei um pouco estranho, porque afinal de contas, o meu sermão não era especificamente sobre esse assunto.
O pastor então, me disse que outro pastor, um visitante americano, faria o sermão da Santa Ceia. Achei um pouco estranho termos dois sermões, mas...
Foi quando notei que o projetor de vídeo não estava sendo montado. Com um prescentimento perguntei:
_Pastor. O projetor não veio? Esqueceram?
Ele respondeu que sim.
Comecei a ficar preocupado, pois todo o meu sermão e boa parte do meu inglês estava baseado no Power Point, que dependia totalmente do progetor.
Mostrei para o pastor. E ele começou a verificar como poderia alguém buscar o projetor.
No Brasil, certamente, teríamos vários irmãos com automóveis que pudessem ir até a casa do pastor, há 15 minutos dali e buscar o projetor. Mas não é o que acontece na nossa igreja. Ninguém estava com carro.
O tempo passava, e eu ia ficando mais nervoso. Não cheguei a ficar apavorado, mas bem que poderia.
Finalmente ele me disse, algo que eu não gostaria de ouvir:
_Guarde esse sermão para um outro Sábado e pregue outro sermão.
No Brasil isso seria muito fácil, mas aqui? Em inglês? Esse era o meu único sermão.
Decidi deixar nas mãos de Deus.
Quando iniciaram o louvor, um dos hinos dizia:
“God will make a way...”
O significado era: 
"Deus vai dar um jeito onde parece não ter jeito
Ele trabalha de uma forma que não podemos ver
Ele vai dar um jeito pra mim
Ele será meu guia, me segura ao seu lado
Com amor e força para cada novo dia
Ele vai dar um jeito, Ele vai dar um jeito."



As palavras daquele hino me animaram e eu fui para frente disposto a fazer um de meus sermões sobre a importância de se estudar as profecias da Bíblia Sagrada.
Não tinha nenhum esboço, apenas a minha Bíblia em inglês. (Que aliás ainda estou lendo, não terminei.)
Disse aos irmãos que aquele era o meu primeiro sermão em inglês e que esperava que Deus me desse o dom de línguas para poder trazer a mensagem até eles naquele dia.
Lembro de ter dito:
"Todo o meu sermão estava baseada em um power point, e com a falta do projetor, o "point" se foi, mas eu espero que o "power" do Espírito Santo esteja presente.
Não foi o sermão mais empolgante que já fiz (pelo menos eu não senti), mas creio que todos entenderam.
No final, uma irmã, americana chamada Linda me disse:
_Jonatan, congratulations for your first sermon in english.
Outro senhor, que é americano e dá aulas de inglês em uma escola aqui em Kiev, também me deu as "congratulations"pelo sermão.
Eu agradeci.
Apesar de não ser o sermão mais empolgante, ele não foi o pior. Eu me senti em paz e tranqüilo.
Passaram algumas semanas e no dia 21 de abril, eu estava almoçando com o pastor de nossa igreja internacional, quando ele me perguntou:
_Quando você vai pregar para nós novamente?
_Quando o senhor quiser. Respondi.
Ele então me disse:
_Próximo Sábado. Está bem?
Eu disse que sim, mas perguntei:
_O projetor vai estar lá?
Ele respondeu que sim.
Segundo Sermão em Inglês
Assim foi que novamente estudei o mesmo sermão e me preparei melhor. Orei a Deus entregando aquele Sábado em suas mãos.
De novo madruguei naquele Sábado e saí às 8:30 para chegar mais cedo.
Quando saí de casa, caía uma garoa fina. Estava um pouco frio, algo como uns 12 graus. Para o Brasil é muito frio, mas para aqui estava apenas frio.
Como já disse, moro há uns 800 metros da estação do metrô e a chuva começou a engrossar. Eu dizia em meus pensamentos:
“Senhor, segure a chuva só um pouquinho.”
Cheguei no metro e meu pensamento era somente o sermão. Eu tentava falar o texto em minha mente, e assim ia. As estações passavam, e como eu estava de pé, em alguns momentos me passou pela mente que eu talvez tivesse esquecido alguma coisa. Talvez o próprio computador. Mas eram apenas os temores.
Cheguei na estação e tomei o bonde que me deixaria em frente a igreja.
Entrei no prédio onde está o nosso salão e qual não foi a minha surpresa:
O salão estava fechado. Já eram 9:40 e não havia ninguém na igreja.
Sentei em um banco e esperei.
Dez minutos depois chegou a jovem que seria a responsável pelos louvores.
Mais uns cinco minutos um outro rapaz. Outros cinco minutos e uma irmã.
Finalmente, por volta de 10:10 chegou o irmão que abriria a igreja.
Entramos e começamos a ajudar a colocar as coisas no seus lugares, montar o som e outras coisas mais. Afinal o início do culto estava marcado para as 10:15 (se tivéssemos gente)
Eu olhava para ver onde estava o projetor, mas ele não estava visível. Pensei que talvez o pastor o traria. Mas se fosse o pastor que o traria, ele estava bem atrasado. Na verdade, o pastor não veio naquele sábado. Devia estar em outra igreja.
Finalmente o projetor foi tirado de uma pasta e colocado sobre a mesa. Ele me pediu o computador e fizemos as ligações.
Mas na hora de ligar o projetor, não funcionava. Pensei comigo, hoje eu não tenho outro sermão.
Depois de alguns minutos o irmão descobriu o erro e o projetor funcionou.
Cantamos os hinos e de novo estava lá o hino “God will make a way...” Coincidência? Ou providência? O hino me acalmou e eu o cantei com a força que eu podia. Na verdade tenho cantado ele outras vezes, porque ele foi uma inspiração pra mim.
Iniciei o sermão. Na platéia, havia pelo menos 3 famílias americanas e diversas pessoas que falavam inglês. Minha tradutora felizmente conseguiu me entender e pode traduzir para a língua russa todo o meu sermão.
No final fui conversar com algum dos americanos e pude perceber que eles me entenderam. “Louvado seja o nome do Senhor! Porque Ele é bom e sua misericórdia dura para sempre.”
Ainda não tenho confiança em mim para pregar, mas se me derem um tempo posso preparar um terceiro sermão, estudá-lo e pregar. Depois eu digo como será. Mas se o Espírito Santo desejar, Ele pode me dar o dom de línguas e eu poderei pregar, inclusive em russo. A confiança em mim, nunca será o suficiente, pois sempre dependerei da confiança no Espírito Santo de Deus.
A propósito, a tradução da letra do hino "God will make a way" está abaixo, e o hino postado no youtube, está no ínicio:
Deus vai dar um jeito
Onde parece não ter jeito
Ele trabalha de uma forma que não podemos ver
Ele vai dar um jeito pra mim
Ele será meu guia
Me segura ao seu lado
Com amor e força para cada novo dia
Ele vai dar um jeito, Ele vai dar um jeito

Deus vai dar um jeito
Onde parece não ter jeito
Ele trabalha de uma forma que não podemos ver
Ele vai dar um jeito pra mim
Ele será meu guia
Me segura ao seu lado
Com amor e força para cada novo dia
Ele vai dar um jeito, Ele vai dar um jeito

Pelo caminho na selva
Ele me conduzirá
Rios no deserto eu verei?
Céus e terra desaparecerão
Mas sua palavra permanecerá
E ele fará algo novo hoje

Deus vai dar um jeito
Onde parece não ter jeito
Ele trabalha de uma forma que não podemos ver
Ele vai dar um jeito pra mim
Ele será meu guia
Me segura ao seu lado
Com amor e força para cada novo dia
Ele vai dar um jeito, Ele vai dar um jeito

Pelo caminho na selva
Ele me conduzirá
Rios no deserto verei eu?
Céus e terra desaparecerão
Mas sua palavra permanecerá
E ele fará algo novo hoje




domingo, 4 de abril de 2010

FINAL EMPOLGANTE NA MOLDOVA

Apresentadores do programa em roupas típicas da Moldova

Finalmente chegou o último sábado das conferências do Pr. Kulakov em Chisinau. Logo de manhã fomos para a igreja, pois teríamos batismos na igreja. Na verdade a história do batismo já sabíamos mesmo antes de iniciar as conferências, mas o problema era onde seria o batismo?
Naquela semana fomos a uma grande piscina para vermos se era possível termos o batismo ali. Olhamos o local, que tinha uma boa piscina, mas em volta não era um lugar bonito. Havia muitas pessoas treinando ali. Mas o problema não era apenas o lugar, mas o clima. Estava previsto neve para aquele sábado e como batizar 140 pessoas rapidamente sem que os 16 pastores e as próprias pessoas não ficassem doentes por conta do frio?
Num primeiro momento os pastores disseram que havia problema, eles estavam acostumados. Mas quando se faz a conta de tempo que se leva para entrar 16 pessoas por uma pequena escada e o tempo para as 16 sairem pelo outro lado, o tempo é bastante grande. Chegamos à conclusão que os pastores ficariam cerca de ½ hora na água gelada.
Uma frase que eu ouvi, acho que não me esquecerei mais. Enquanto estávamos falando sobre o clima e o batismo, um dos pastores disse:
“Pena que teremos -5 ou menos no sábado. Se fosse 0 não teria problema. Tudo estaria resolvido, porque com uma temperatura mais quente todos agüentam.”
Zero, aqui era considerado uma temperatura mais quente. Não pude deixar de rir por dentro. Imaginei "0 grau no Rio de Janeiro ou Salvador, seria decretado estado de emergência" (rsrs).


Felizmente foi comprada uma piscina onde 6 pastores poderiam batizar ao mesmo tempo, isso agilizaria os batismos. E também foi decidido um número menor de batismos ali, os demais seriam em outras igrejas. Naquele sábado, apenas na Moldova, cerca de 300 pessoas seriam batizadas. Só uma união da Rússia teríamos 700 batismos naquele sábado.
Presenciei uma cena que nunca havia presenciado. É verdade que em minha vida de profissional da imagem já filmei centenas de batismos, e me lembro especialmente de um em São Luís onde os pastores batizavam dois adolescentes ao mesmo tempo. Mas agora eu veria o batismo de 2 casais. Esposo e esposa sendo batizados ao mesmo tempo pelo mesmo pastor.
Ele tinha a técnica de colocar o esposo sobre o seu braço e a esposa à frente do esposo. Assim quando o esposo era mergulhado a esposa também era como se estivesse deitada sobre o esposo.
Vocês podem imaginar as cenas emocionantes que eu vi. Coloquei um filmezinho onde aparece um pouco da cidade de Chisinau e o batismo do último dia.
Também presenciei o batismo de 3 irmãos ao mesmo tempo. Um pastor ficava em uma extremidade, e no centro os 3 de braços dados. Na outra extremidade outro pastor. Assim todos os três eram batizados ao mesmo tempo pelos 3 pastores. Não sei como é colocado no certificado de batismo, nesse caso, pois o do meio não está seguro pelo ombro aos dois pastores. Qual dos dois é considerado o pastor que batizou?
Naquela noite tivemos a última conferência dessa série. E recebemos fotos e pequenos trechos de vídeo dos batismos que haviam sido realizados naquele sábado de manhã. Compartilho com vocês algumas dessas fotos.
Batismo em uma da Igrejas na Moldova


Batismo em Stavropol (sudoeste da Rússia)


Batismo em Tiblisi - Georgia


Batizandos do Cazaquistão


Volgodonsk, Rússia

Batismo no Kirguistão


Em pelo menos em um lugar, o batismo teve que ser no gelo mesmo. Mas note na foto a aparência de tranqüilidade do pastor e de sua batizanda.

Batismo no lago gelado, Rússia


Depois de terminada a conferência da noite, e ter comido minhas batatas, tomado a sopa e o chá, fomos embalar o equipamento que seria levado no outro dia de volta, no mesmo esquema da vinda.
Tudo foi embalado, perto de 1 da manhã já estava em nosso alojamento. No outro dia, terminamos o que faltava e perto de 15 horas saímos em direção a Ucrânia.
Duas horas antes um furgão levou o equipamento que seria deixado na igreja no lado de cá da fronteira. Os mesmos irmãos que levaram da outra vez deveriam fazer o trabalho de “formiguinha” e ir levando um a um para o outro lado.
A estrada tinha muitos buracos no asfalto, o que fazia com que a viagem não fosse tão rápida. Os caminhos mais curtos eram os mais esburacados, por isso tivemos que usar os caminhos mais longos.
Agora, viajando de dia eu podia ver um pouco mais desse país. Um país pobre, mas bonito. Muita agricultura. Claro que nesse período de inverno tudo estava parado, mas era possível ver as terras e o trabalho que devia ser desenvolvido.
Também é um país à moda antiga. Encontramos muitas carroças na estrada, e descobri que esse é um meio de transporte muito usado por aqui ainda em nossos dias.
Percebi que na frente das casas sempre tinham poços de água. Poços à moda antiga, com um balde e uma corrente ou corda que era decido dentro do poço e a retirada era feita manualmente. Muitos desses poços eram adornados e em vários deles tinha um grande crucifixo do lado. Talvez eles façam alguma associação da água com Jesus, a água da vida.
Perguntei ao Pr. Daniel se os poços ainda eram usados, e ele disse que sim. Eu veria depois, pessoas utilizando os poços e retirando água à moda antiga.
Percebi, que o costume de se ter uma latrina no fundo do quintal de cada casa ainda era comum aqui. Casas grandes e bonitas, mas lá no fundo, estava a casinha, a “privada”. Realmente era uma volta no tempo para mim.
Comecei a prestar atenção nas casas e nas janelas. Eram janelas grandes, com vidros enormes. Na verdade, casas vulneráveis para um ladrão mal intencionado. Perguntei ao pastor Daniel:
“Pastor, estou percebendo que essas casas têm muro baixo e as janelas são grandes e fáceis de abrir por fora. O povo daqui deve ser muito honesto, não é? E não deve ter ladrões de casas por aqui.”
Ele olhou admirado com minha pergunta, pois para ele, honestidade era algo natural, e respondeu: “Muito honestos e hospitaleiros. Quando visitamos as casas desses irmãos, eles sempre querem nos oferecer o melhor que têm.”
Parabéns ao povo desse pequeno e pobre país, mas com um caráter nobre, que realmente merece a nossa admiração.

Chegamos à fronteira e desta vez foi tudo muito rápido. Logo estávamos do lado da Ucrânia. Era perto de 7 da noite quando nos encontramos com os nossos irmãos. Um a um os equipamentos foram trazidos para o carro onde fomos colocando.
Depois oramos a Deus, ali mesmo, fora, no relento. Na primeira vez, a neve caía e a temperatura era por volta de -10, mas agora era mais agradável, algo em torno de 0. Como disse o pastor, mais quente.
Chegaria em casa quase duas da madrugada. Depois de um mês longe de casa, é muito bom ter um lugar para voltar. Mas melhor ainda é ter pessoas que estão nos esperando, minha esposa Priscila e o meu filho Samuel.

Todos ficaram agradecidos a Deus pelo trabalho na Moldova. Muitas orações de agradecimentos foram feitas. Também ficaram agradecidos pelo trabalho que cada obreiro realizou naquele lugar. Afinal de contas, ninguém realiza nada sozinho, mas com a ajuda do grupo e especialmente de Deus, as coisas vão bem tudo sai maravilhosamente bem.
Continuemos orando pelo trabalho nesse pequeno país, mas com pessoas maravilhosas.
Levarei para sempre na memória o tempo que passei na Moldova. Eles me deram um lindo presente. Mas, mesmo sem o presente eu não poderia esquecê-los.

Mas no presente estava escrito:
“Conferido a Jonatan Conceição com muito agradecimento e apreciação pela organização do programa via satélite “Os Mistérios do Reino de Deus”, que ocorreu do dia 5 a 13 de março de 2010 na cidade de Chisinau.
Respeitosamente
Moldova Union of Churches Administration (União da Igreja Adventista na Modova)



Jonatan Conceição e Pr. Peter Kulakov